Volvo EX30: andamos no SUV de luxo que cobra caro para custar barato
Compacto se credencia como o carro mais barato de marca premium do mercado, mas falha nos detalhes
Se você quer um carro de marca premium, não há nada mais barato no mercado hoje do que o Volvo EX30, que está chegando finalmente às mãos dos compradores que já fizeram suas encomendas desde o ano passado. Por a partir de R$ 229.950, podemos dizer que se trata do carro de luxo mais em conta que seu dinheiro pode comprar.
Mas ser barato tem um preço. Se a frase não fez sentido, já vou explicar. Mas, antes, vou contar como é o Volvo EX30, um SUV elétrico que chega agora somente com um motor de 272 cv e 35 kgfm em todas as versões.
São 4,23 m de comprimento, 1,83 m de largura, 1,54 m de altura e bons 2,65 m de entre-eixos. O porte é próximo ao do Volkswagen T-Cross, mas vou entregar aqui o primeiro defeito: o porta-malas tem somente 320 litros. O mesmo T-Cross tem exatamente 100 litros a mais.
O visual agrada a quem gosta de minimalismo —e vou falar mais disso depois. A frente é lisa, com os faróis em “T” tradicionais da marca. Deles saem um friso preto que forma um “sorriso” no para-choque. Atrás, as lanternas características da Volvo subindo pela coluna “C” estão lá, mas em peças separadas. As luminárias de baixo são interligadas por dois frisos pretos que atravessam a tampa do porta-malas e escondem o discreto botão de abertura elétrica.
Nas laterais bem limpas, se destacam as rodas com desenho futuristas. São três opções com 18”, 19” ou 20”.
Preços
Core (51 kWh): R$ 229.950
Core (69 kWh): R$ 249.950
Plus (69 kWh): R$ 277.950
Ultra (69 kWh): R$ 293.950
Minimalismo e reciclagem
Mas vamos voltar a falar do minimalismo e de quanto o preço baixo (relativamente para um carro premium, para ficar bem claro) tem um preço. O interior é simples como um carro popular. Calma, não é que o EX30 não seja repleto de tecnologias, mas algumas coisas incomodam no carro do lado de dentro.
Quem olhar o painel não vai achar um quadro de instrumentos. Está tudo concentrado na tela central, que fica em posição vertical e bem elevada. Ela tem 12,3 polegadas. E quando eu falo tudo, é tudo mesmo. O velocímetro? Está nela. Mapas? Nela. Quer ajustar os retrovisores externos? Pois é, na tela também. Até para abrir o porta-luvas (que fica no meio do painel), é preciso clicar na tela.
Seria mais simples um botão giratório em qualquer canto, mas não, resolveram dificultar a vida do motorista. E tudo o que demanda algum controle fora da tela, está no volante, o que deixa tudo ainda mais confuso. No rápido teste com o carro entre São Paulo e Campos do Jordão, encontrei dificuldades tanto para ajustar os espelhos quanto o ACC, afinal, utilizam as mesmas teclas.
E para abrir os vidros? Não, dessa vez não é na tela e sim em botões físicos que ficam próximo ao apoio de braço entre os bancos. Quem vai atrás terá que procurar suas teclas também no vão dos assentos dianteiros, como num Citroën C3. E como no hatch popular, não há saídas de ar-condicionado para o banco traseiro.
Ainda no interior, a Volvo conta vantagem —com razão— de usar materiais reciclados. É muito bom fazer essa atitude louvável, mas clientes de carros de luxo podem estranhar os plásticos ásperos assim como os belos tecidos dos bancos. O acabamento, no entanto, não é ruim, só é… incomum.
Mas vamos falar de coisas boas: o EX30 é muito bom de dirigir. A chave é um cartão, igual a um de banco. Basta encostá-lo na coluna da porta para abrir o carro. Como no XC40 que já testamos aqui, não há botão de partida. Basta acionar o câmbio na alavanca atrás do volante e acelerar com parcimônia, ou o SUV compacto vai acelerar bem rápido.
Segundo a Volvo, o elétrico pode chegar a 100 km/h em 5,7 segundos na primeira versão com bateria que dá um alcance de 250 km, ou diminuir esse tempo para 5,3 segundos nas opções com autonomia estendida para 338 km, segundo o PEV (Programa de Etiquetagem Veicular) do Inmetro.
Essa diferença acontece porque a opção de entrada do EX30 traz baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) de 51 kWh, enquanto as mais caras são de níquel-cobalto-manganês (NMC) de 69 KWh.
E a diversão não acontece só na arrancada como em quase todo carro elétrico. O menor Volvo disponível hoje consegue chegar a 180 km/h, de acordo com a marca, que o limita nessa marca. Mas como não dá para testar isso na prática, o jeito foi se divertir na subida da serra. Aí o tamanho compacto do SUV vira uma vantagem, afinal, é possível contornar as curvas com facilidade, mesmo pisando fundo.
E é um Volvo sem renegar sua maior fama, a da segurança. Todas as versões têm seis airbags, sistema de proteção contra impactos laterais, de mitigação de colisões e de prevenção de lesões na coluna cervical, detector facial de fadiga do motorista —um sensor que fica atrás do volante monitorando os olhos e posição do corpo para evitar que o condutor durma ao volante, ACC, alerta de ponto cego que até avisa se vem uma bicicleta ou um carro quando o condutor abre a porta, entre outros.
Então apesar de todo malabarismo feito para o EX30 custar menos que seus rivais, ainda é um carro de marca premium com seus atributos mecânicos e dinâmicos. Vale ao menos uma olhada.
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