Teste: Volkswagen Amarok V6 Highline
Com motor mais potente da categoria, picape média da VW ''atropela'' a concorrência
Na indústria automobilística nem sempre “dois mais dois são quatro”. Quero dizer que não basta ser o melhor no papel e até na prática para ter o produto mais bem sucedido. Dependendo do segmento, outros fatores pesam muito e tornam a superioridade técnica de alguns veículos um detalhe pouco importante. É o caso das picapes médias.
Pegue-se o exemplo do modelo que liderou por mais tempo a categoria, a S10, da Chevrolet. Antes da chegada da atual geração, em 2012, a picape oferecia pouco espaço, dirigibilidade ruim, poucos equipamentos e um visual datado, mas ainda assim era a mais vendida. A razão? Versões flex acessíveis que dominavam a parte de baixo do mercado.
Mesmo hoje, em que a nova Hilux é a picape mais vendido no Brasil, essa inversão de valores continua a vigorar. Embora tenha avançado tecnicamente, a picape da Toyota ainda não oferece tantos recursos modernos e tem uma suspensão de comportamento bastante arredio perto de algumas rivais. Aqui pesa a confiança depositada na Toyota e na fama de resistência do modelo, por exemplo.
São razões como essas que fazem a Amarok, a pioneira picape da Volkswagen, coadjuvante no segmento. Lançada em 2010 com pompa e um ousado pacote eletrônico, a Amarok surpreendeu pela dirigibilidade de automóvel e por oferecer equipamentos nunca antes vistos na categoria como ABS off-road ou assistente de descida em rampa. Para completar, um motor 2.0 diesel com dois turbos e 163 cv na época (mais tarde elevados para 180 cv).
Parecia a equação perfeita, mas na prática a Volkswagen penou para convencer os clientes potenciais a trocar suas velhas picapes pela nova Amarok. No primeiro ano cheio foram apenas 10,2 mil unidades vendidas, mas aos poucos, com o portfólio ampliado, a picape da VW chegou a vender 24 mil exemplares em 2013. Depois houve uma queda, reforçada pela crise econômica, e que foi interrompida no ano passado com uma leve recuperação.
Agora, a Volkswagen aposta que pode encostar nas líderes finalmente. Com a chegada da versão V6, a Amarok pode dizer de ‘boca cheia’ que é a picape mais potente da categoria. E com boa margem para a segunda colocada.
Motor de Audi Q7
A novidade já é anunciada há muito tempo, mas, como ocorre na montadora alemã, demorou bastante para chegar ao mercado. A pré-venda teve início no final do ano passado, um ano após ser apresentada no Salão do Automóvel. Com preço de R$ 184.990, ela começa sua carreira apenas na versão topo de linha Highline, mas justamente onde há maior demanda no momento.
Por fora não há mudança, apenas o logotipo ‘V6’ na grade e na tampa da caçamba, mas há itens interessantes no pacote como faróis bixenônio, luzes diurnas de LEDs, câmera de ré, espelhamento de smartphones, quatro airbags e bancos de couro com ajuste elétrico de posição, entre outros.
A central multimídia ainda é de uma geração anterior, com apenas 6,33 polegadas que se perdem no enorme painel da picape, mas o funcionamento é adequado. Há inclusive um altímetro, inclinômetro digitais de melhor leitura para quem estiver utilizando a Amarok em situações off-road, por exemplo.
De resto é a mesma picape conhecida pela dirigibilidade acima da média, pelo conforto e recursos impressionantes em situações em que a tração integral é exigida.
Ou seja, tudo se resume basicamente em saber qual o impacto de ter um motor diesel V6 de 3 litros e turbo de geometria variável dentro do capô. E estou para ver um casamento tão bem feito...
Derivado de uma versão usada no SUV Audi Q7, o 3.0 V6 TDI foi ajustado para entregar 225 cv de potência e 56 kgfm de torque, ambos a partir de rotações baixas. Mas engana-se quem pensa que essa força extra torna a Amarok um cavalo desgovernado logo que engatamos a posição “D” na transmissão automática de oito marchas. Não, a picape V6 é dócil e bem calibrada mesmo numa tocada urbana no trânsito, uma virtude afinal pouco adianta ver um veículo de mais de duas toneladas saindo como louco num semáforo.
O isolamento acústico primoroso e a ausência de vibração do V6 ajudam a dar a falsa impressão que a Amarok é uma picape mansa. É aí que ela surpreende: basta um leve toque mais demorado no acelerador para despertar a fúria do motor de 3 litros e encontrar os 56 quilos de torque rugindo “atrás da porta”. E não havia como ser diferente por uma questão aritmética: são 13% a mais de potência e 11% de torque que a S10, ex-líder em matéria de motor (veja gráficos). Tudo isso com um rendimento na casa dos 10 km por litro de diesel.
Desconhecida? Não mais
Se essa matemática fará do modelo da VW uma das picapes médias mais vendidas do Brasil em 2018 é difícil dizer. Mas uma coisa mudou de 2010 para cá: agora a Amarok não é mais uma desconhecida.
Ficha técnica
Volkswagen Amarok 2018 Highline Cabine Dupla TDI V6 3.0 24V diesel automático 4x4 4p | |
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Preço | R$ NaN (11/2019) |
Categoria | Picape média |
Vendas acumuladas neste ano | 10.621 unidades |
Motor | 6 cilindros, 2967 cm?/td> |
Potência | 225 cv a 4000 rpm (diesel) |
Torque | 56,1 kgfm a 1500 rpm |
Dimensões | Comprimento 5,254 m, largura 1,944 m, altura 1,834 m, entreeixos 3,097 m |
Peso em ordem de marcha | 2185 kg |
Tanque de combustível | 80 litros |
Caçamba | 1280 litros |