Teste: TAC Stark 2018
Ainda não muito conhecido, jipe concebido no Brasil mostra qualidades
No competitivo mercado automotivo global, operar uma marca independente, sobretudo em um país repleto de intrincadas questões tributárias e com a falta de financiamento adequado, é uma tarefa hercúlea. Mesmo assim, lá pelos idos de 2004, um grupo de brasileiros resolveu encarar o desafio e com um propósito em mente criaram a Tecnologia Automotiva Catarinense, empresa muito mais conhecida pela sigla TAC Motors.
De lá para cá, houve a apresentação do Stark, o primeiro produto fruto da empresa, revelado como conceito em 2006 no Salão de São Paulo e, em 2009, formalmente lançado no mercado com o início da produção. Em quase uma década de atividade fabril, a TAC Motors soma apenas 217 unidades comercializadas do Stark, mas, conforme explicamos, a empresa anunciou que está revendo sua estrutura acionária e deverá fazer investimentos da ordem de R$ 150 milhões nos próximos quatro anos. Com isso, figuram nos planos até mesmo versões flex e automática do Stark e até a introdução de mais um modelo, sempre seguindo a linha de aplicação 4x4 e com proposta off-road.
Com esse novo fôlego, a TAC Motors começa a aceitar as encomendas para o Stark 2018, que, se mantém o visual há muito conhecido, ao menos trouxe melhorias em seu conjunto. A partir deste ano, o Stark ganhou reforços em seu chassi de estrutura tubular e, para se livrar de uma fonte de problemas no passado, a TAC também oferece como um opcional as juntas homocinéticas mais robustas, chamadas “hi-tork”, e que aguentam qualquer preparação mais extrema para o uso nas trilhas. A empresa aconselha quem deseja fazer esse tipo de uso para equipar o modelo com o item.
Com um “conceito de alfaiataria”, cada unidade do Stark é produzida praticamente de acordo com as necessidades do futuro proprietário, permitindo um alto nível de personalização e adequação do projeto.
De qualquer forma, a ficha técnica do Stark é animadora para quem precisa ou deseja um modelo legitimamente fora-de-estrada e destinado a encarar algumas boas aventuras. Em suas características de fábrica, o Stark oferece um ângulo de ataque de 49º, ângulo de saída de 44º, atravessa trechos com até 50 cm de água, está 26 cm acima do piso e encara uma inclinação lateral de até 45º. A distribuição de peso bem equilibrada do jipe é algo que também o favorece no off-road.
O porte do Stark também é interessante. Sem exagerar nas dimensões (ele tem 4,08 m de comprimento, 1,88 m de largura e 1,86 m de altura), ele é um carro fácil de ser conduzido e até que consegue acomodar 4 pessoas, desde que os ocupantes do assento traseiro não se importe em fazer uma viagem um pouco apertada.
Porta-malas? É bom nem esperar muito nesse quesito já que atrás do banco traseiro você conseguirá colocar algumas poucas mochilas ou equipamentos pequenos para sua prática esportiva preferida. O compartimento é tão restrito que a TAC sequer divulga uma a capacidade. Onde sobra espaço, contudo, é no tanque de combustível. Com capacidade para 70 litros, algo importante para quem vai realizar trilhas em locais mais afastados, o reservatório confere boa autonomia ao veículo.
Ao volante
Mecanicamente o Stark é um carro muito equilibrado. Existem aqueles que só valorizam números e se sentem mais encantados ao ver que um Troller sai de fábrica equipado com um motor bem maior, mas o 2.3 16V turbodiesel presente no Stark não deixa muito espaço para críticas. Produzido pela Fiat Powertrain Technologies (FPT) aqui no Brasil, ele entrega 127 cv a 3.600 rpm e 32,6 kgfm de torque a 1.800 rpm. Colocando esses números ao lado do câmbio manual de 5 marchas que atua em conjunto com o sistema de tração 4x4 com reduzida, sobra fôlego para o Stark seja no uso urbano ou fora dele.
Apesar de não contarmos com números de consumo oficial, alguns donos nos relatam que conseguem facilmente atingir médias que ficam em 9 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, valores bem aceitáveis. Com carroceria em fibra de vidro, o que colabora para tornar o Stark mais eficiente é o baixo peso. Com 1.635 kg registrados na balança em sua configuração sem opcionais, a TAC Motors clama que o Stark é o 4x4 fora-de-estrada diesel mais leve do mundo.
Ao volante o Stark mostra-se um veículo de operação mais suave em relação ao Troller. A embreagem do Stark, por exemplo, é leve em relação à do jipe hoje produzido pela Ford, assim como a direção com assistência hidráulica conversa bem com o conjunto de suspensão e seu diâmetro de giro, de 11,2 metros, ajuda nas manobras.
A suspensão do Stark é independente nas 4 rodas e cada uma delas conta com dois amortecedores para melhorar o desempenho do jipe no off-road. O conjunto de freios também usa discos ventilados em todas as rodas e garante frenagens consistentes ao modelo. Se você quiser, pode até usar o Stark para seus deslocamentos diários que o modelo encara essa rotina numa boa. A única crítica mesmo vai para os engates das 5 marchas do câmbio. Eles são muito longos e a posição da alavanca também não nos pareceu a ideal. Tudo bem que estamos falando de um utilitário 4x4, mas um pouco mais de suavidade nas trocas cairia muito bem.
Vale a pena a compra?
Em sua configuração-padrão, o Stark pode ser encomendado para a TAC Motors por R$ 115.000, isso sem levar em conta os inúmeros equipamentos que ele pode receber e já sair pronto para usos mais extremos. A TAC Motors oferece snorkel, rack de teto, as já citadas homocinéticas “hi-tork”, faróis de LED, bloqueio para os diferenciais dianteiro e traseiro além de para-choques metálicos sendo que o dianteiro pode receber preparação para guincho. Com isso, um Stark 2018 completo quase se aproxima em preço do que é cobrado hoje por um Troller T4 básico, que tem valor sugerido de R$ 131.329.
Entre os dois, o TAC Stark mostra-se um veículo mais do que suficiente para rodar nos trechos mais inóspitos bem longe do asfalto, com um conjunto na medida, sem exageros. Além de mais barato mesmo todo equipado, o Stark é um jipe bem mais agradável no uso do que o Troller, sobretudo se você planeja rodar um pouco na cidade também com ele.
Claro que o Stark não é imune à falhas e o posicionamento e as trocas de marchas, por exemplo, é algo que precisa ser revisto, mas o modelo no geral agrada bastante quem procura um modelo pensado para as trilhas. Vamos torcer para que a TAC Motors consiga estabilizar suas operações e produzir o modelo com maior regularidade.
Ficha técnica
TAC Stark 2018 Black Cover 2.3 16V diesel manual 4x4 2p | |
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Categoria | Jipe |
Motor | 4 cilindros, 2287 cm?/td> |
Potência | 127 cv a 3600 rpm (diesel) |
Torque | 32,6 kgfm a 1800 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,038 m, largura 0 m, altura 1,865 m, entreeixos 2,54 m |
Peso em ordem de marcha | 1635 kg |
Tanque de combustível | 70 litros |
Porta-malas | litros |