Sem surpreender, Hyundai Creta ?um bom SUV compacto
Ambição da Hyundai ?figurar entre as três primeiras posições do ranking de vendas da categoria
Entre muitas idas e vindas, sempre desmentindo a cada vez que alguém bancava a chegada ao Brasil do Creta (ou ix25 como é conhecido em alguns mercados), a Hyundai finalmente decidiu aceitar o inevitável e apresentou o Creta nacional em novembro durante o Salão de São Paulo. Agora chegou a vez do AUTOO ter a oportunidade de avaliar o mais novo SUV compacto produzido no Brasil, que chega com a missão de posicionar a Hyundai entre as três primeiras posições do ranking de vendas da categoria mais importante do mercado no momento.
Segundo a própria Hyundai planeja para o início das vendas do Creta, a tendência é que as versões com motor 2.0 16V representem 60% das vendas do modelo e, dentro desse universo, a configuração mais cara do Creta, a Prestige, deverá ser a escolha da maior parte dos consumidores. Curiosamente, no mesmo hotel onde a Hyundai apresentava o modelo um dos hóspedes chegou a perguntar “quanto vai custar o 2.0? Ah, porque esse carro tem que ser 2.0, né, com motor 1.6 fica muito fraquinho”. Fica aí a prova de que a estratégia da Hyundai parece que está mesmo pelo caminho correto.
Julgando apenas pela lista de equipamentos, é bem possível que o Creta Prestige 2.0 torne-se o mais requisitado pelos consumidores ao ser a versão que reúne alguns dos itens mais desejados pelos clientes do segmento, como o revestimento interno de couro e a central multimídia com navegador, por exemplo. E foi o Creta Prestige que optamos por avaliar em nosso primeiro contato com o SUV.
Por fora, é curioso como as proporções da traseira soam muito mais harmônicas e agradáveis ao olhar do que a dianteira do Creta. Visto de frente, o para-choque exclusivo do modelo brasileiro em conjunto com a grade dianteira pronunciada tem a função de deixar o Creta mais agressivo. A idea é realçada pelo formato dos faróis, que contam com iluminação diurna por LED na versão avaliada e as rodas de liga leve aro 17” mesclando acabamento diamantado com cinza escuro. Visto de trás, o Creta parece um carro robusto, sem ser exagerado, oferecendo um conjunto estético simples e melhor resolvido.
Com 4,27 m de comprimento e 1,78 m de largura, o Creta está na média do segmento. Seu espaço interno é muito bom, próximo ao do Honda HR-V, porém sem a mesma versatilidade do líder do segmento. Aliado a um bom porta-malas de 431 litros (437 l no Honda), o Creta tem um bom apelo familiar. Fácil de manobrar e conveniente para o uso urbano, modelos de altura em relação ao solo ligeiramente superior em relação a hatches e sedãs médios, como é o caso do Creta e os companheiros de classe, encaram buracos e valetas com mais desenvoltura, atributos que ajudam a explicar porque os SUVs compactos estão explodindo em vendas.
Assim como ocorre na linha HB20, a boa qualidade de montagem e a ergonomia bem arquitetada são traços comuns ao Creta. O formato mais quadrado da carroceria favorece o espaço para a cabeça e passageiros que ultrapassam os 1,80 m de altura não se sentem claustrofóbicos.
No Creta Prestige, a Hyundai focou no tom marrom para a cabine, como partes do acabamento do painel e para o revestimento de couro dos bancos. Visualmente não há do que reclamar da solução, que ao menos sai do marasmo do couro preto. Segundo a equipe da Hyundai, a cor já foi testada em outros modelos da marca, como o HB20X, e agradou. Por outro lado, a textura dos plásticos usados poderia ser um pouco mais nobre para um carro de R$ 100.000 como é o caso. Até mesmo a tela do ar-condicionado digital tem um aspecto de fragilidade. É por isso que falta um certo brilho ao mais novo SUV da Hyundai. A sensação é que, apesar de ser recém-lançado, sua cabine parece que já clama por uma nova geração.
Com a partida por botão acionada, um dos requintes do Creta Prestige, a novidade ostenta o rodar sólido, suave e confortável que encontramos nos modelos da marca. Uma característica dos modelos sul-coreanos e japoneses, é quase possível perceber a qualidade construtiva de seus carros, não é por acaso que a Hyundai confere ao Creta 5 anos de garantia.
Durante nossa avaliação, só nos chamou a atenção o pedal de freio um pouco com respostas um demoradas demais, algo que talvez pudesse ser uma característica da unidade avaliada, uma das primeiras a sair da fábrica da Hyundai em Piracicaba, no interior de São Paulo. A direção com assistência elétrica progressiva se saiu muito bem, assim como a suspensão, não deixando a carroceria do Creta inclinar em demasia e estável nas curvas. Mesmo com rodas de liga leve aro 17”, os problemas do piso são bem filtrados antes de chegar aos passageiros.
No geral, o Creta Prestige 2.0 é um carro que cativa muito mais pela parte mecânica do que o interior ou demais atributos. Essa, seguramente, será uma das características que a Hyundai vai usar como diferencial para o modelo, em especial considerando o Honda HR-V com seu motor 1.8 de 140 cv com etanol e o Jeep Renegade Limited na mesma faixa de potência, ambos perdendo de longe para os 166 cv do Creta 2.0. A vantagem é ainda maior se considerarmos o Nissan Kicks, que disponibiliza somente o 1.6 de 114 cv, algo que foi motivo de críticas por parte de alguns internautas. A Hyundai pode ter visto aí uma excelente brecha para oferecer o motor mais potente no segmento e atrair aqueles que não abrem mão de números mais generosos quando o assunto é potência e torque.
Moderno e bem eficiente, com destaque para a construção com bloco e cabeçote de alumínio e a presença do comando de válvulas variável tanto para admissão quanto escape, o Creta 2.0 oferece bom desempenho e não vai mal quando o assunto é consumo. Equipado com start-stop, sistema que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, o Hyundai entrega parciais de 10 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada, ambas com gasolina. O Honda HR-V EXL atinge 10,5 e 12,1 km/l, respectivamente. O Jeep Renegade Limited, que passou a contar com start-stop a partir da linha 2017, ainda não vai bem nesse aspecto e mesmo contando com um motor de menor deslocamento que o Creta não faz melhor do que 9,5 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada.
Tabelado em R$ 99.490, o Creta Prestige foi atrás de equipamentos como os bancos com ventilação, airbags de cortina, monitoramento da pressão dos pneus, chave presencial e sensor de estacionamento para se diferenciar do Honda HR-V EXL de R$ 101.400. O Jeep Renegade Limited, que está nas lojas por R$ 97.990, faz bem mais bonito que o Honda em termos de equipamentos e traz a mais, em relação ao Creta Prestige, as rodas de liga leve aro 18” e os faróis de xênon. É inadmissível, nesse contexto, que o HR-V topo de linha custe bem mais e sequer ofereça o airbag de cortina se série, um importante recurso de segurança.
Com um pós-venda competitivo, além dos 5 anos de garantia o Creta Prestige também apresenta um custo de revisões até 60.000 km competitivo em relação aos seus dois principais concorrentes. No período, a rede Hyundai cobra R$ 3.114 seguindo o plano de manutenção, valor que atinge R$ 3.772 no Renegade. A Honda, infelizmente, não divulga o plano de manutenção para o HR-V.
Consderando o volume de vendas do HR-V, a Hyundai espera colocar nas ruas algo em torno de 4.000 unidades/mês do Creta, quantia que nos parece bem factível considerando o conjunto do modelo. Se não traz nada de surpreendente para a categoria, o Creta Prestige é um modelo que se destaca pelo equilíbrio. Anda bem, chega a ser até mais econômico que alguns oponentes com motores menores e oferece espaço interno condizente com a categoria. Se conseguir se beneficiar da mesma reputação que a família HB20 conquistou, o Creta tem tudo para ser bem-sucedido.
Ficha técnica
Hyundai Creta 2017 Prestige 2.0 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ NaN (11/2017) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 47.760 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1999 cm?/td> |
Potência | 156 cv a 6200 rpm (gasolina) |
Torque | 19,1 kgfm a 4700 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,27 m, largura 1,78 m, altura 1,635 m, entreeixos 2,59 m |
Peso em ordem de marcha | 1399 kg |
Tanque de combustível | 55 litros |
Porta-malas | 431 litros |
Ficha técnica
Chevrolet Tracker 2017 LTZ 1.4 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ NaN (10/2017) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 12.138 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1399 cm?/td> |
Potência | 150 cv a 5600 rpm (gasolina) |
Torque | 24 kgfm a 2100 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,258 m, largura 1,776 m, altura 1,678 m, entreeixos 2,555 m |
Peso em ordem de marcha | 1413 kg |
Tanque de combustível | 53 litros |
Porta-malas | 306 litros |