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Picape Titano ser?um desafio duro para a Fiat
Veículo, que chega ao mercado em breve, vai disputar um cliente que não se rende apenas ao marketing agressivo da marca italiana
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Para uma marca que tem pouca relevância mundial, a Fiat opera milagres no Brasil. Desde os anos 90 e o surgimento do carro popular, a marca italiana acertou a fórmula para encontrar clientes para seus veículos e há alguns anos é líder em vendas no país.
É um cenário que não se vê nem mesmo na Itália, onde a Fiat lidera, mas depende basicamente do modelo Panda para isso (em janeiro ele representou 70% dos emplacamentos da marca).
Tamanha representatividade no Brasil tem dado à Fiat o direito de arriscar sua entrada em segmentos onde não tem tradição. Um deles foi o de sedãs médios.
Vieram o Tempra, o Marea e o Linea, este um compacto inflado. Nenhum deles vingou, o que não surpreende já que o público brasileiro passou a ter uma fidelidade enorme com os modelos japoneses, sobretudo o Corolla.
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Agora a Fiat está prestes a se aventurar em outra seara espinhosa, a das picapes médias. Sim, onde reina outro modelo da Toyota, a Hilux.
Como você leu no AUTOO, a marca que hoje é parte do grupo Stellantis vai lançar no mercado a Titano, uma caminhonete com chassi separado da carroceria, motor turbodiesel e toda a valentia que se espera de um veículo assim.
Com medidas como 5,39 metros de comprimento, 1,96 m de largura, 1,84 m de altura e 3,18 m de entre-eixos, a Titano deverá ser equipada com motor 2.2 turbodiesel de 180 cv e tração 4x4.
A marca vem de uma bem sucedida experiência com a Toro, picape “super compacta” fabricada em um chassi monobloco derivado da plataforma dos Jeeps nacionais.
Será então que a Fiat vai conquistar outro segmento do mercado?
Penso que não, a começar pelo fato que a Titano não é Fiat e sim Peugeot, o modelo Landtrek vendido na vizinhança e que chegou a ser cogitado no Brasil.
Como a marca francesa vem de um imenso fracasso com a Hoggar, talvez a Stellantis tenha sido cuidadosa em não apostar na grife do leão.
Mas transformar um veículo concebido com o estilo e conteúdo francês em um modelo da Fiat também não é algo a se celebrar.
Esse tipo de estratégia dá quase sempre errado já que o cliente não é bobo. Se está comprando um produto de uma marca, espera por aquilo que a define.
Verdade que esses diferenciais estão caindo em desuso já que atualmente há uma padronização de sistemas e equipamentos para baratear o custo.
Portanto, não é incomum ver as mesmas soluções em diversas marcas, ainda mais em grupo imenso como o Stellantis.
Muitas histórias de fracassos
O passado recente, no entanto, assusta. Veja a Renault, a Nissan e a Mercedes, que tiveram a ideia de produzir picapes sobre a mesma base – neste caso a Frontier.
Bem, a Renault Alaskan não é exatamente um sucesso e a Mercedes-Benz Classe X foi descontinuada rapidamente, num enorme vexame para o grupo alemão.
Apesar disso, há quem ainda considere aproveitar produto de rival, como a Volkswagen está fazendo com a “nova Amarok", feita sobre a plataforma da Ranger.
Tudo isso poderia ser superado com um bom trabalho de marketing, especialidade da Fiat, mas há outra barreira, esta mais difícil de transpor.
Trata-se do perfil do cliente de picapes médias, que é conhecido pelo conservadorismo e pela racionalidade.
Ao contrário de potenciais compradores de SUVs e picapes urbanas, que são conquistados pelo coração, o dono de uma caminhonete preza a robustez, a confiança, tradição e, sobretudo, o pós-venda.
Não é por menos que a Toyota sobra na categoria e mesmo empresas com um longo caminho nesse nicho como a Ford ainda sofrem para manter sua participação.
É sobre essa ótica que a Fiat Titano terá uma “carga na caçamba” que talvez não possa carregar.
Uma olhadela em outra experiência da própria marca seja apropriada para refletir. Em 2016 ela lançou a Fullback, nada mais do que uma L200, da Mitsubishi, com o emblema da Fiat.
A aventura durou apenas três anos, após baixas vendas e a mudança na legislação ambiental. Como será a história da Titano?
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