HB20 chega para mudar parâmetros
Compacto nacional da Hyundai surpreende na versão 1.0 e mais ainda com motor 1.6
A classe média brasileira está aumentando a cada dia seu poder de compra e a situação favorável também está tornando o consumidor mais exigente. Isso vale para a aquisição de qualquer produto, desde uma geladeira a um automóvel. E, quando o assunto é um carro melhor, há uma enorme lista de exigências. Isso envolve design atraente, mecânica moderna e eficiente, interior confortável e com bom acabamento, equipamentos, boa assistência e, sobretudo, bom preço, atributos que nenhum veículo de passeio popular nacional consegue reunir em sua totalidade. Até que...
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...Os coreanos da Hyundai, atualmente a quinta maior fabricante de automóveis do mundo (a Kia também entra no bolo), voltaram seus olhos puxados com mais seriedade para o mercado brasileiro, o quarto maior do planeta no consumo de automóveis. Dois gigantes unidos por um carro compacto revolucionário. “VW Gol, Fiat Palio e outros carros nacionais são bons, mas o HB20 é muito, mas muito melhor”, contou ao AUTOO, com um sorriso de uma orelha a outra, Chang Kyun Han, presidente da “Hyundai Motor Brasil”.
O HB20 era o que estava faltando no mercado nacional, um carro bom e honesto sob todos os pontos de vista que um automóvel deve ser observado e avaliado. Esta parte, caro leitor, confesso que devo escrever em primeira pessoa. Como jornalista automotivo já tive a chance de testar todos os modelos da categoria e posso afirmar que nenhum deles é tão completo e atraente quanto o novo compacto da Hyundai. Vai faltar carro nas lojas, preparem-se. “Eu sei”, prevê Han.
Desenhado para o Brasil
A Hyundai levou três anos para desenvolver o HB20. Milhões de quilômetros foram percorridos em testes pelo Brasil e no exterior e houve até um intercâmbio dos designers da marca, que passaram 20 meses no País absorvendo a cultura e os costumes locais para não errar na conclusão do produto. Deu certo.
O carro, de imediato, chama atenção pela ousadia no design. As linhas seguem o estilo “escultura fluida”, que faz o carro ficar vistoso e com aspecto de artigo de luxo. “Com esse desenho o carro pode dominar a categoria”, afirmou Casey Han, designer-chefe que foi o responsável pelo desenho do HB20.
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Além de ser bonito, o carrinho da Hyundai também é um dos maiores em espaço interno e dimensões externas do segmento – apenas o Renault Sandero é maior. Por isso, o veículo oferece bom espaço para os ocupantes, seja na fileira de bancos da frente ou atrás. O porta-malas também garante boa capacidade ao comportar 300 litros.
A mesma irreverência do desenho externo é repetida no design da cabine, que é totalmente diferenciada dos demais veículos da categoria onde o HB20 briga. É como se fosse uma versão reduzida do interior do sedã Elantra, pois os materiais de acabamento são de boa qualidade e a montagem é cuidadosa. Um dos pontos de maior destaque é o “Super Vision Cluster”, que nada mais é que um painel de instrumentos completo, com iluminação e desenho modernos e até um pequeno mostrador digital, onde o motorista acessa as funções do computador de bordo, de série desde a versão de entrada.
Motorizações de ponta
A Hyundai também fez bonito ao escolher os motores do HB20. As versões de entrada são empurradas pelo motor 1.0 flex de até 80 cv que tem como grande diferencial o bloco de alumínio com apenas três cilindros, característica que reduz o consumo de combustível – os concorrentes usam motores quatro cilindros. Esse motor ainda conta com comando variável de válvulas, componente que melhora o rendimento do veículo em altas velocidades. E quer saber? O HB20 “mil” anda bem, mesmo com esse “motorzinho”.
O carro não se intimida com o peso do pé do motorista e mostra que tem fôlego suficiente para realizar ultrapassagens seguras acima dos 120 km/h, como pudemos conferir no test-drive de lançamento por estradas de Comandatuba (BA). As arrancadas, porém, deixam a desejar, mas não chegam a ser tão sofríveis como as de um Gol ou Sandero com motores de mesma cilindrada. Todo carro 1.0 está fadado a andar devagar.
Quem não se contentar com o 1.0 pode optar pelo motor 1.6, que é melhor ainda. Nessa opção o carro não só acelera melhor e com mais vigor, como também é mais silencioso, uma vez que o propulsor não precisa fazer tanta força para desenvolver boa velocidade. O segredo está nos 128 cv (a maior potência da categoria, segundo a Hyundai) e o torque de 16,9 kgfm, sendo 85% deles disponíveis abaixo dos 3.000 rpm.
Ponto positivo também para o ajuste do câmbio manual de cinco marchas, seja no 1.0 ou no 1.6 – o modelo de maior cilindrada ainda tem opção de transmissão automática de quatro velocidades. Por esse bom acerto, o HB20 é um daqueles carros instigantes de guiar, já que os engates da alavanca são rápidos e juntos. Ressalvas apenas para a direção hidráulica, que não é progressiva, e a suspensão um pouco dura, principalmente no conjunto traseiro, que oscila em frenagens fortes e ao passar por lombadas.
Os números de desempenho divulgados pela marca agradam. O 1.0 vai do 0 aos 100 km/h em 14,9 segundos e atinge até 160 km/h (sempre com etanol), ao passo que o HB20 1.6 cumpre a prova de aceleração em 9,3 s e bate o ponteiro nos 188 km/h. Valores bons, é verdade, mas inferiores aos do Gol, líder nesse quesito (compare as fichas técnicas deles e de outros concorrentes).
Muito competitivo
“A palavra ‘pelado’ não combina com a Hyundai”, avisou Rodolfo Stopa, diretor de produto da montadora no País. O HB20 já traz um bom pacote de equipamentos desde a versão inicial Comfort, que inclui ar-condicionado, travas e vidros elétricos, airbag duplo frontal e direção hidráulica, ou seja, itens que deveriam ser triviais, mas que são vendidos como (caros) opcionais. E falamos de um carro de R$ 31.995, um preço altamente competitivo e que deve, em breve, fazer o mercado se movimentar, repetindo o efeito JAC Motors, que fez a maioria das montadoras nacionais baixarem os valores de seus populares.
Até a versão topo de linha, Premium 1.6 AT, tem preço competitivo: R$ 47.995. Por essa cifra o carro reúne faróis de neblina, freios ABS, sensor de estacionamento, interior em dois tons, rodas de alumínio aro 15”, rádio com entradas auxiliares e Bluetooth, retrovisores com ajuste elétrico, e por aí segue. “A ideia não é fazer carros baratos, mas sim competitivos”, contou Han, novamente com seu sorriso maroto no rosto.
A cereja do bolo é a garantia de cinco anos sem limite de quilometragem, estratégia que servirá para atrair clientes mais reticentes com a marca, cuja representação anterior coleciona reclamações de consumidores. Se pensa em comprar um carro compacto e está disposto a gastar mais de R$ 30.000 não deixe de conhecer o HB20, isso se sobrar algum na loja.
Ficha técnica
Vendas acumuladas neste ano | 86.571 unidades |
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