Veneno mata, não é uma coisa boa. A não ser que estejamos falando de carros. Motores envenenados são sinônimos de melhor desempenho. Mas espera aí, o Fiat Fastback Abarth não usa o mesmo conjunto da mecânica do Limited by Abarth? Então cadê o veneno? Está no escorpião, que simboliza a divisão esportiva da Fiat.

Para virar um legítimo Abarth, o Fastback passou por mudanças na calibragem do conjunto formado pelo motor 1.3 de quatro cilindros em linha turbinado com 185 cv e 27,5 kgfm e pelo câmbio automático de seis marchas. A diferença é na eletrônica, atrasando mais as trocas progressivas de marcha enquanto é mais responsivo nas reduções. E não é só isso.

Todo a suspensão é própria da versão. Molas e amortecedores ficaram até 21% mais rígidos e ajudaram o SUV cupê a ficar 5 mm mais baixo. A Fiat também instalou barra estabilizadora mais grossa, eixo traseiro específico e caixa de direção mais direta. As rodas de 18 polegadas são calçadas por pneus 215/45 específicos para a versão.

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

O mais perto de errar da Fiat foi manter os freios traseiros a tambor, mas não faltou capacidade de frenagem durante nosso teste.

E tem a minha parte favorita do carro, o trabalho feito no escapamento, de saída dupla, que engrossou o ronco do motor em relação à versão Limited. Falou alto para impor respeito e acordar os vizinhos na primeira partida da manhã dentro da garagem.

Veja o vídeo

Visual mais discreto

Diferente do Pulse Abarth, que usa praticamente a mesma receita, o Fastback não é tão chamativo. Ao invés de faixas vermelhas nas laterais, a Fiat preferiu pintar as saias na mesma cor da carroceria. Há um logotipo do escorpião nos para-lamas dianteiros, que se repete na grade pintada de preto e emoldurada por imitação de fibra de carbono.

Há uma discreta faixa vermelha na para-choque. Atrás, um aerofólio pintado de preto adorna o alto da tampa do porta-malas e o letreiro Abarth logo abaixo dele, talvez a parte mais chamativa do carro. O nome Fiat não aparece.

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Por dentro, o carro tem bancos de couro preto com costura preta, frisos vermelhos e o escorpião no centro do volante. Uma faixa do painel é um tecido que imita fibra de carbono.

Ao volante

Como já falei acima, o Fastback Abarth já instiga o motorista logo na primeira partida. O ronco grave saindo da saída dupla de escape já avisa que não se trata de um Fastback Limited, que usa mesmo motor.

O acelerador é mais responsivo, ou seja, um toquezinho nele e o escorpião já quer soltar o seu veneno. A Fiat declara que o carro faz de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos e pode atingir 220 km/h de velocidade máxima.

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Um botão vermelho chama a atenção no volante, escrito Poison, que significa veneno em inglês. Ele aumenta ainda mais a diversão do motorista. O acelerador fica ainda mais sensível e o câmbio com trocas mais rápidas. Dá para ouvir até os pipocos no escape durante a redução. Além disso, o controle de estabilidade fica mais permissivo. 

Mas por que um SUV?

Bom, hoje tudo é SUV, então a Fiat acertou na escolha do Fastback (e do Pulse) para popularizar sua marca Abarth no Brasil. Mesmo sendo mais baixo do que suas versões normais, o modelo ainda guarda boa altura do solo para aguentar as ruas esburacadas do país. Só notamos as imperfeições por causa do perfil mais fino dos pneus. Além disso, a suspensão mais firme pode cansar com o uso diário do carro.

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Em asfalto bom, ao contrário do que poderíamos esperar, ele não passa sensação de insegurança. O Fastback Abarth faz curvas sem inclinar muito a carroceria, o que acontece com o Limited. Só por isso já vale a pena pagar os R$ 160.990 pedidos pela versão, apenas R$ 4.000 a mais que o Limited.

Pontos positivos

• Visual mais discreto do que no Pulse
• Bom acerto de suspensão e escape para um carro esportivo
• Desempenho acima da média para a faixa de preço
• Bom porta-malas

Pontos negativos

• Suspensão firme pode cansar com o tempo
• Freios a tambor na traseira
• Espaço interno limitado no banco traseiro

Ficha técnica