Com ''carinha'' de Panda, Geely GC2 chega ao Brasil por R$ 29.900
Compacto popular ?montado no Uruguai, tem bom custo-benefício, mas poucos pontos de venda
A inspiração não poderia ser mais chinesa, o urso Panda. Para quem critica os carros feitos na China pela falta de originalidade, o GC2 sobra nesse sentido. Compacto popular, o modelo da Geely chega ao Brasil em setembro com um estilo inconfundível e um preço competitivo de R$ 29.900.
À essa altura, você pode estar se perguntando “quem é essa Geely mesmo?”. É uma das principais montadoras chinesas, mas é mais conhecida por ser dona da Volvo, a marca de luxo sueca. A operação brasileira da Geely está a cargo do grupo Gandini, que também representa a Kia no Brasil.
A estratégia das duas empresas, no entanto, difere do que fizeram Chery e JAC, as duas marcas chinesas mais conhecidas em nosso mercado. Em vez de muita propaganda e fábricas em território nacional, a Geely começou devagar, com apenas duas concessionárias operando desde março, quando chegou ao Brasil o primeiro modelo, o sedã EC7. A ideia é chegar até o final do ano com 15 pontos de vendas, a maioria em cidades médias – a Geely não quer disputar de cara os clientes nos grandes centros urbanos.
Nessa primeira fase da operação, a Geely deverá vender ao menos quatro modelos no Brasil. Além do sedã EC7 e do hatch GC2, chegarão o GX2, um aventureiro feito na base do GC2, e o EX7, primeiro SUV da marca, focado no mesmo segmento onde estão hoje o Tucson, da Hyundai, e o rival local Lifan X60. Em 2015 também será introduzida a versão automática do EC7 e os primeiros motores flex.
Mas o pulo do gato da Geely ocorrerá em 2016. Segundo Ivan Fonseca e Silva, presidente da empresa no Brasil, é neste ano que o primeiro fruto da união dos chineses com a Volvo surgirá. Será a nova geração do V40, que compartilhará a mesma plataforma com o futuro EC7.
Entre erros e acertos
Até lá, no entanto, a Geely vai precisar de criatividade para emplacar seus modelos. O pequeno GC2 é um bom exemplo dos erros e acertos que os chineses ainda cometem. Se o design agrada, com sua alusão ao panda, a falta de inspiração no interior não difere muito de outros carros desenhados na China.
O aspecto positivo do hatch é a dirigibilidade agradável. O motor 1.0 tem 3 cilindros e um bom torque em média rotações. Isso significa que o GC2 dá conta do recado com quatro pessoas a bordo e tem agilidade proporcionada pelo câmbio de engates longos, porém macios. A direção, hidráulica, é um pouco pesada, mas não afeta o comportamento do modelo – no Chile, a Geely vende uma versão com assistência elétrica, que seria mais adequada para o modelo.
Com dimensões modestas (3,6 m de comprimento e apenas 2,3 de entreeixos), o GC2 obviamente não poderia esbanjar espaço interno, mas o aproveitamento é melhor do que o esperado. Quem mais sofre, na verdade, são os passageiros do banco de trás, que batem o joelho no encosto do banco dianteiro e a cabeça no teto caso tenham mais de 1,85 m.
O porta-malas é outro compartimento menor do que o ideal. Tem apenas 200 litros e acesso ruim. A Geely acertou em desenhar uma tampa de vidro – como no up! europeu – mas preferiu articulá-la muito acima da base do para-choque. Com isso, você precisará levantar uma mala por pelo menos um metro para colocá-la no bagageiro.
Mas o aspecto que mais deixa a desejar é sempre o do acabamento. Materiais agradáveis ao toque se misturam com outros de baixa qualidade, além de algumas peças mal encaixadas. E há que se ressaltar que a empresa que monta os modelos no Uruguai faz um trabalho quase artesanal, mas não há solução quando o desenho da peça é ruim.
Anúncio da Geely na China aproveita a semelhança do Panda com o GC2
Como comprar?
Se você não liga para certos caprichos, pode sim ver no GC2 um carro bastante racional. O pacote é atraente: direção, trio elétrico, ar-condicionado, sensor de estacionamento, bancos bipartidos, rádio com MP3, CD e USB, Isofix e até regularem elétrica dos faróis. Falta ainda um sistema Bluetooth e talvez comandos satélite no volante, para citar dois exemplos. Esses avanços, porém, devem ficar para a segunda onda de lançamentos.
A extrema preocupação em não querer criar expectativas excessivas, no entanto, pode dificultar o crescimento da Geely no Brasil. Sem um plano de divulgação claro e, principalmente, uma rede de concessionárias mínima, será difícil atender a potencial clientela. Ivan minimiza o fato e se dispõe a atender qualquer interessado em território brasileiro: “estamos dispostos a ir até o cliente estiver”, garante.
Tudo o que a Geely precisa evitar é que o GC2 se torne um veículo raro nas ruas brasileiras. Nesse aspecto, é melhor que ele não se pareça com o quase extinto Panda.
Ficha técnica
Geely GC2 2015 GL 1.0 12V gasolina manual 4p | |
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Categoria | Hatch compacto |
Motor | 3 cilindros, 997 cm?/td> |
Potência | 68 cv a 6000 rpm (gasolina) |
Torque | 8,9 kgfm a 3600 rpm |
Dimensões | Comprimento 3,598 m, largura 1,63 m, altura 1,465 m, entreeixos 2,34 m |
Peso em ordem de marcha | 973 kg |
Tanque de combustível | 35 litros |
Porta-malas | 205 litros |