Civic ou Corolla, afinal qual sed?oferece mais pelo que custa?
Os dois sedãs mais vendidos do Brasil têm desempenho, equipamentos e dirigibilidade parecida mas o Honda ?nitidamente mais atual
Na longa disputa pelo posto de sedã médio mais vendido, o Corolla tem vencido a maior parte dos campeonatos. Nos últimos 17 anos, por exemplo, o Toyota levou a melhor em 13 oportunidades, desde que a famosa geração “Brad Pitt” desembarcou no Brasil em 2002.
Até então os dois perdiam para os sedãs da Chevrolet, primeiro o Vectra e depois o Astra Sedan. Parte da explicação para esse domínio do Corolla está na sua proposta mais racional enquanto a Honda tem flertado com alguma ousadia em algumas gerações. O Toyota tem vendido cada vez mais à medida que troca de geração, como se subisse degraus. Já o Civic vive de altos e baixos: quando surge uma nova geração, o sucesso geralmente é grande para então se seguir uma queda constante.
Esse comportamento só não se repetiu em 2016 com a chegada da 10ª geração do Civic. Com visual bem agressivo e perfil de cupê, o sedã parecia que repetiria o sucesso do New Civic em 2006, mas as vendas não decolaram. Pelo contrário, tem se mantido num patamar modesto de menos de 30 mil unidades por ano contra mais de 60 mil Corollas.
Isso então significa que o Honda perde do Toyota? Ao menos para nós do Autoo é justamente o contrário, o Civic é mais carro que o Corolla, embora em muitos aspectos eles sejam incrivelmente parecidos.
Vamos saber porque em nosso comparativo entre o Civic EXL e o Corolla XEi (embora as fotos e o vídeo sejam do XRS, único disponível na época, consideramos o pacote da versão mais vendida do Toyota).
Design
Apesar de o Corolla ter dado um passo à frente no estilo na atual geração, que inspira mais esportividade (ao menos visualmente, claro), o trabalho da Honda com o Civic é nitidamente superior. O perfil cupê ressaltou um espírito mais ousado que foi deixado de lado na geração anterior. São traços fortes como no grupo óptico dianteiro e nas lanternas traseiras, mas é a carroceria mais baixa que dá o toque final no conjunto. O problema? Pergunte para qualquer designer: estilos mais chamativos cansam logo, uma fatura que será cobrada do Civic no futuro.
Vitória do Civic, mas por pontos
Mecânica
É o quesito onde os dois parecem seguir algum manual do sedã japonês. Ambos têm motor 2.0 litros aspirado com comando variável, velho conhecido do brasileiro. O Honda leva vantagem na potência (155 cv contra 153,6 cv), mas o Toyota ganha no torque (20,7 kgfm contra 19,5 kgfm). Já a transmissão é automática CVT de, adivinhem, sete marchas. Rodas? Aro 17 com pneus 215/50. Freios? Discos ventilados e sólidos em ambos. O Civic é um pouco mais leve e certamente é mais aerodinâmico, mas é a suspensão traseira multilink que dá vantagem a ele frente ao Corolla.
Vitória do Civic
Consumo
Como os japoneses não entregam o desempenho de seus carros, só podemos falar do consumo e aí temos um empate. Mesmo mais pesado, o Corolla roda praticamente a mesma distância que o Civic na cidade. Com gasolina, o sedã da Toyota leva ligeira vantagem, mas tem menos eficiência que o Civic com gasolina na estrada.
Empate
Espaço interno
Aí está um quesito curioso. O Civic é 5 cm mais baixo que o Corolla, mas é mais espaçoso que o Toyota. Ganha sobretudo na largura bem superior ao Toyota, mas perde curiosamente onde era referência, a ausência do túnel central no banco traseiro. Como o atual sedã é muito baixo não houve como acomodar componentes de forma a rebaixar esse túnel. Ao menos o porta-malas dá um banho no Tooyota: são 519 litros com 470 litros. Quem diria.
Vitória do Civic
Vida a bordo
Se na mecânica eles são semelhantes, no interior a receita é a mesma. A impressão é que as duas montadoras compartilham suas listas de equipamentos de tão parecidos que são. A central multimídia, por exemplo, é de 7 polegadas no dois mas o Civic tem conexão com CarPlay e Android Auto, além de uma interface melhor (embora pouco intuitiva).
Controle de tração e estabilidade também são itens de série (no caso da Toyota, depois de muita reclamação), assim como o “Hill Assist”, aquela providencial ajuda em partidas em subidas. Paddle-shifts, Isofix, vidros um toque, controle de cruzeiro, direção elétrica e luzes de LEDs estão presentes em ambos. O Civic, no entanto, tem ar-condicionado de duas zonas contra uma zona no Corolla. De quebra, o Honda combina sensor com câmera de ré enquanto o Toyota só traz a segunda.
O acabamento e o refinamento do Civic também são bem mais superiores ao Corolla. Além disso, o painel é ergonômico e a visibilidade, melhor – a Toyota foi infeliz ao criar um painel vertical e de estilo bem ultrapassado.
Vitória do Civic
Dirigindo
O estilo pode denotar uma pretensa esportividade em ambos, mas eles são carros de direção fácil e prática. Ambos têm suspensões bem ajustadas, mais bem resolvida no Civic, motores com boas respostas e direções precisas, embora o Honda seja bem mais direta. Mas, apesar das borboletas no volante, não tente tirar algum desempenho estupendo deles ou mesmo se divertir numa estrada sinuosa. Eles não nasceram para isso. No conjunto, o Civic é bem melhor resolvido, no entanto.
Vitória do Civic
No bolso
É a hora da vingança do Corolla. Se perde do Civic como produto, afinal ele está no final da atual geração, o Toyota se mostra mais vantajoso em alguns aspectos financeiros. Um exemplo? Desvaloriza menos que o Civic, segundo a Fipe. No primeiro ano são 8% contra 11%, no segundo, 11% ante 14% do Honda.
Também no preço das revisões o Corolla leva vantagem: as seis revisões custavam em outubro de 2018 R$ 3.254,00 enquanto com o Civic é preciso desembolsar R$ R$ 4.505,70. Além disso, o Toyota é um pouco mais barato – R$ 105.990 na versão XEi ou R$ 1.910 mais barato que o Civic EXL.
E quanto às vendas, o Corolla dá um banho. Em agosto, por exemplo, a versão XEi respondeu por 3.562 emplacamentos enquanto o Civic EXL teve apenas 1.021 unidades vendidas.
Vitória com folga do Corolla
Veredicto
Parecidos em alguns aspectos, Corolla e Civic, no entanto, destoam em outros como a proposta mais esportiva e atual do Honda e a tradição em oferecer um produto previsível no caso do Toyota. Tamanha segurança acaba fazendo do Corolla um carro mais vantajoso na ponta do lápis, mas isso é suficiente para compensar suas muitas deficiências?
Na nossa opinião, não. Embora há que levar em conta o fato de o sedã da Toyota ter um projeto mais antigo é um carro que poderia ser mais refinado e, sobretudo, mais bem equipado. Não que a Honda seja exceção – há itens que o Civic também poderia trazer de série.
Estamos falando, por exemplo, de motores turbo com injeção direta, que a Honda tem mas que por enquanto optou por oferecer apenas na versão Touring – a GM faz isso nas duas versões do rival Cruze.
Em matéria de conectividade, os sedãs japoneses também devem. Em que pese a central multimídia do Civic ser melhor, nenhuma delas é fácil e simples de manusear.
Os dois também poderiam ter opção de uma tocada um pouco mais ágil. O câmbio CVT deles é de uma sonolência irritante para tanta aparência esportiva.
Por fim, pagar mais de R$ 100 mil por veículos que não trazem nenhum auxílio ativo de direção é até certo ponto ultrajante. Já existem modelos mais baratos e simples no mercado que vêm equipados com assistentes de mudança de faixa, frenagem autônoma de emergência, entre outros. Com duas montadoras de ponta, esse tipo de postura conservadora (e econômica) não se justifica.
Pela ousadia em arriscar um projeto novo e bem pensado e pelo cuidado em preservar a suspensão independente nas quatro rodas, além de um refinamento superior, nossa escolha vai para o Honda Civic EXL. Vitória por pontos, mas clara.
"Seja pelo mérito do ótimo serviço prestado por suas redes de concesssionárias ou até mesmo pelos atributos técnicos de seus projetos, Honda Civic e Toyota Corolla conquistaram o status de referência entre sedãs médios aqui no Brasil. De fato eles são automóveis muito competentes para quem deseja bom espaço interno, rodar suave e confortável e não deseja ter muita dor de cabeça na hora de realizar a manutenção. Como o Ricardo bem coloca no seu texto, é inegável que o Honda Civic oferece um conjunto mais interessante. Até mesmo por estar uma geração a frente do Corolla nacional, o Civic entrega não só um visual como um acabamento interno mais arrojado e em sintonia com o que um consumidor disposto a gastar mais de R$ 100.000 em um veículo pode desejar. O Honda, mesmo na versão EXL avaliada aqui, deveria entregar bem mais em termos de recursos de tecnologia e assistentes de condução, porém, ao lado de um Corolla na mesma faixa de preço, ele é uma compra melhor hoje em dia" - opinião de César Tizo
Ficha técnica
Honda Civic 2018 EXL 2.0 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 107.900 (10/2018) |
Categoria | Sed?médio |
Vendas acumuladas neste ano | 20.448 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1997 cm?/td> |
Potência | 150 cv a 6300 rpm (gasolina) |
Torque | 19,3 kgfm a 4700 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,637 m, largura 1,799 m, altura 1,433 m, entreeixos 2,7 m |
Peso em ordem de marcha | 1291 kg |
Tanque de combustível | 56 litros |
Porta-malas | 519 litros |