Avaliação rápida: Renault Sandero Intense automático 2020
Versões automáticas vão responder por cerca de 25% das vendas do hatch
Já era uma notícia há muito tempo antecipada, mas finalmente neste mês a Renault traz ao mercado a linha Sandero, Logan e Stepway com uma série de aprimoramentos mecânicos e de estilo.
Para nosso primeiro contato com a linha 2020 do Sandero resolvemos optar pela versão Intense, a mais cara da gama a oferecer uma novidade muito relevante para o hatch: a introdução da caixa automática CVT.
Chamada de X-Tronic, a caixa automática trabalha apenas com o motor 1.6 SCe, que segue com 118 cv e 16 kgfm de torque quando abastecido com etanol. De acordo com a Renault, as novas versões automáticas CVT do Sandero (Zen e Intense) deverão responder, somadas, por cerca de 25% das vendas do hatch. Fato é que esse tipo de transmissão é cada vez mais procurada pelos brasileiros em qualquer segmento e também será fundamental para que o Sandero alcance uma penetração maior entre o público PcD (Pessoas com Deficiência) que realiza a compra com isenção.
Com preço sugerido de R$ 65.490, o Sandero Intense CVT não deixa de trazer um pacote bem convincente. A partir de agora todas as versões do Sandero contam com 4 airbags de série e as opções automáticas recebem os controles de tração e estabilidade com o assistente de partida em rampa. A versão Intense ainda completa sua lista de itens de série com o trio elétrico, regulador e limitador de velocidade, ar-condicionado automático, sensor de estacionamento e a competente central multimídia chamada pela marca de Media Evolution, que agora conta com suporte aos sistemas CarPlay e Android Auto de espelhamento para smartphones e também agrega a câmera de ré na versão Intense.
O Sandero 2020 segue com a sua cabine espaçosa para o segmento e o bom porta-malas com capacidade para 320 litros de bagagens, o que faz dele um hatch capaz de atender uma família pequena. Soma-se a isso os aprimoramentos estéticos como o novo volante, novos faróis e lanternas com detalhes em LED, grade frontal redesenhada, entre outras melhorias. Lançado no Brasil em 2007, é inegável que o Sandero evoluiu bem ao longo dos anos, tornando-se um carro com um acabamento mais esmerado.
Ao volante, a combinação entre a caixa CVT e o motor 1.6 16V caiu bem ao Sandero e é condizente com a proposta do hatch. Segundo a Renault explica, o câmbio conta com um sistema chamado “Lock-up com Active Slip Control, no qual a polia é liberada de forma gradual para que o torque seja transmitido de forma linear. Essa característica garante acelerações com respostas mais vigorosas e sem alternâncias, pois segura a polia e a solta de forma gradual para que o torque seja transmitido de forma linear e rápida”, detalha a fabricante.
Apesar de nem todos gostarem da forma de atuação de um câmbio CVT, é fato que essa é a melhor transmissão automática já oferecida para o Sandero. Ele já contou com uma caixa automática de 4 marchas em sua primeira geração e, mais recentemente, trouxe como opção o câmbio automatizado EasyR, mas esse tipo de transmissão caiu em desuso no Brasil e a Renault a tirou de cena.
Segundo dados oficiais, o Sandero 1.6 automático CVT é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de 11 segundos, número aceitável considerando que o Sandero nessa configuração não tem qualquer ambição esportiva. Apesar da marca ainda não divulgar os números de consumo, uma vez que está aguardando o Inmetro revelar a tabela mais recente do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, certamente podemos esperar médias que vão se encaixar no mínimo dentro do que os rivais oferecem.
Em termos de eficiência, o câmbio CVT é um grande aliado na busca pelo menor consumo e, por essa razão, combina muito bem com um modelo focado no baixo preço de aquisição e também com um custo de propriedade camarada. Uma curiosidade é que o start-stop, recurso que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, permanece oferecido apenas no Sandero e no Logan 1.6 com câmbio manual. A tecnologia ajuda a economizar combustível em especial no ciclo urbano, mas, segundo a Renault, exigiria muitas adaptações para figurar também nas versões automáticas do hatch e do sedan.
Demonstrando ter um bom projeto, o câmbio X-Tronic ainda é capaz de simular 6 marchas, o que permite ao motorista realizar a troca sequencial direto na alavanca caso busque um comportamento mais esportivo ou apenas um controle melhor das respostas do carro.
Como você confere nas imagens e no vídeo que ilustram esta reportagem, todas as versões automáticas do Sandero 2020 saem de fábrica com o que a Renault batizou de Design Cross Light, ou seja, a altura da suspensão é elevada em 40 mm em relação às versões manuais. Isso ocorreu, segundo nos explicou Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, para acomodar com mais tranquilidade a caixa CVT tanto no Logan quanto no Sandero. Com isso, o hatch ganhou naturalmente um visual mais aventureiro e a Renault aproveitou bem esse ponto colocando alguns apliques plásticos nas caixas de rodas e na parte inferior da lateral da carroceria.
Dinamicamente, a maior altura em relação ao solo do Sandero CVT influencia pouco o comportamento do hatch ao volante, sendo que apenas em curvas mais fechadas é possível notar uma inclinação maior da carroceria, mas nada que comprometa as respostas do modelo. Apenas uma crítica mais severa vai para a assistência eletro-hidráulica da direção, que poderia ser mais efetiva e aliviar um pouco o “peso” do volante do Sandero. Em modelos como o Toyota Etios, por exemplo, temos uma direção menos cansativa no uso urbano graças ao sistema de direção elétrica.
De qualquer forma, o reforço milimétrico na altura da suspensão ajuda bastante a encarar buracos, valetas e lombadas na cidade, além de acessar de uma forma mais tranquila garagens com acessos mal projetados em que o para-choque dianteiro ou a parte inferior de carros mais baixos raspam com frequência.
Como os hatches aventureiros são modelos que caíram no gosto dos brasileiros, a decisão da Renault por deixar o Sandero CVT mais alto que a média dos hatches convencionais pode repercutir bem junto ao público.
Com mais de uma década de mercado, o Sandero em sua linha 2020 mostra como ele tornou-se um projeto maduro ao longo dos anos. Essa vasta experiência acumulada pelo hatch permitiu que a Renault soubesse identificar muito bem o que o consumidor do Sandero espera encontrar no hatch e passa a entregar esse conjunto de uma forma muito competente a partir da linha 2020.
A chegada da transmissão automática CVT e a inclusão dos controles de tração e estabilidade fizeram muito bem ao Sandero e farão dele um modelo bem mais competitivo no segmento de hatches compactos de entrada.
É uma tendência do público optar hoje em dia por modelos com projetos um pouco mais sofisticados, como o que o Volkswagen Polo entrega, sendo que não por acaso a Renault deixa claro que o forte das vendas do Sandero seguirá com as versões 1.0.
Entretanto, para quem tem um perfil mais racional e baseia sua decisão de compra olhando apenas para a lista de preços, o Sandero 2020 é uma excelente pedida para o público que deseja um hatch automático mais acessível. Além disso, clientes PcD também encontrarão nas versões Zen 1.6 CVT (R$ 61.990) e na Intense avaliada aqui duas excelentes opções para quem deseja um modelo mais completo. Vamos ver como o Sandero passará a se comportar no mercado a partir deste semestre e se as novidades vão surtir um bom efeito nos emplacamentos do hatch.
Ficha técnica
Renault Sandero 2020 Intense CVT 1.6 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 65.490 (10/2019) |
Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 26.347 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1597 cm?/td> |
Potência | 115 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 16 kgfm a 4000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,021 m, largura 1,746 m, altura 1,528 m, entreeixos 2,591 m |
Peso em ordem de marcha | 1140 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 320 litros |