O novo Captur 2022 chega ao mercado nesta semana simbolizando um marco importante para a Renault, uma vez que a atualização do SUV é a primeira das cinco novidades previstas no atual plano de investimentos da empresa até a metade do ano que vem. No período, a Renault investirá R$ 1,1 bilhão no Brasil para renovar sua gama atual de modelos. 

Além das melhorias de acabamento, estéticas e no nível de equipamentos, sem dúvida o ponto forte da nova linha do SUV fica por conta da estreia do motor 1.3 TCe na gama nacional da Renault. Com turbo e injeção direta, o propulsor avançado foi desenvolvido em conjunto com a Mercedes-Benz e traz muitas soluções que privilegiam a eficiência, como veremos a seguir. 

Conjunto motor e câmbio 

Se o Captur estava longe de figurar como uma referência no quesito motor e câmbio entre os SUVs, o modelo deixa pouca (ou nenhuma) margem para críticas a partir da linha 2022 nesse aspecto. 

Com ótima potência (170 cv) e torque de sobra (27,5 kgfm) desde 1.600 rpm, o Captur 1.3 TCe é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em competentes 9,2 segundos, considerando o uso de etanol para todos os números apresentados até aqui. 

Lento e apático nas acelerações e retomadas com o motor 1.6 16V sob o capô, o Captur se converteu em um novo modelo a partir da linha 2022, bem mais competente nas respostas às solicitações do acelerador, como era esperado. 

Além de trazer bem mais vitalidade ao SUV, ponto positivo do 1.3 TCe vai para o seu funcionamento suave e linear, além de muito silencioso. 

O propulsor forma uma boa dupla com a transmissão automática CVT, a mais recente da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. 

Considerando que o 1.3 TCe incute ao Captur uma proposta bem mais esportiva na condução, é interessante ter a possibilidade de realizar as trocas sequenciais (8 marchas pré-definidas) em algumas situações, como em uma subida de serra, por exemplo. Uma pena que os comandos são gerenciados apenas pela alavanca de câmbio, sendo que paddle shifters no novo volante do SUV cairiam como uma luva. 

Para enfatizar a economia de combustível, algo cada vez mais valorizado, a Renault fez bem em equipar o Captur 2022 com start-stop, que ajuda o SUV entregar médias de até 11,1 km/l na cidade e 12 km/l na estrada com gasolina. Utilizando etanol, os números ficam em 7,5 e 8,3 km/l, respectivamente, o que confere ao modelo nota A no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. 

Veja galeria de imagens do novo Renault Captur 2022

Ao volante 

Em razão dos ganhos em potência e torque, a Renault promoveu algumas melhorias pontuais, mas importantes para o Captur 2022. 

A estrutura ganhou em rigidez torcional, o que resulta em um comportamento dinâmico aprimorado, bem como a direção passa a adotar assistência totalmente elétrica, uma melhora indiscutível para o SUV. 

A assistência elétrica resulta em manobras ainda mais fáceis, seja na rua ou na garagem de casa, além de trazer mais precisão no uso cotidiano. 

O Captur 2022 mantém o layout McPherson na dianteira e eixo de torção entre as rodas traseiras. Apesar de ficar devendo em sofisticação nesse quesito, o conjunto de suspensão do Captur segue muito bem calibrado. 

Ponto positivo também para a harmonia da suspensão em relação às rodas de liga leve aro 17”, que colaboram para a ótima estabilidade do SUV mesmo em curvas mais fechadas. 

Mesmo com uma altura em relação ao solo (212 mm) superior ao que muitos concorrentes entregam, o Captur se mantém um SUV com respostas neutras ao volante, com uma rolagem lateral da carroceria bastante controlada. 

Talvez a única crítica ao Captur ligada ao ato de dirigir fique por conta da posição ao volante. Mesmo com as regulagens do banco e da coluna de direção, falta ao Captur receber o motorista de uma forma mais envolvente. 

Encontrar o ajuste ideal leva um tempo maior no modelo, enquanto o volante em si, em uma posição horizontal demais para quem busca esportividade, também é algo que poderia ser revisto no SUV. 

Pontos positivos do Renault Captur 

Como não estamos falando aqui de uma nova geração do produto, o Captur 2022 preserva atributos que o destacam no segmento de SUVs compactos, a começar pelo tamanho. 

Com 4,37 m de comprimento, 1,81 m de largura e 2,67 m de entre-eixos, o Captur aproxima-se do Jeep Compass em termos de dimensões. Aliás, o porta-malas de 437 litros do Renault supera com folga os 410 litros do Jeep (de acordo com o padrão VDA). 

Logo, quem não abre mão de um estilo mais robusto na hora de escolher um SUV tem no Captur uma alternativa a ser considerada. 

As melhorias que a Renault promoveu na parte interna do modelo, como a troca do console central por uma peça mais trabalhada e com apoio de braço integrado, melhoram a sensação de bem-estar a bordo, algo que é reforçado com a inclusão de material soft touch e o acabamento em dois tons para o painel. 

Onde o Captur 2022 pode melhorar 

Enquanto a melhora na parte mecânica do Renault Captur foi exponencial com a inclusão do motor 1.3 TCe, a marca poderia ter aprimorado ainda mais o conteúdo de tecnologia do SUV, em especial considerando a faixa de preço em que ele vai atuar (falaremos mais sobre isso adiante). 

A central multimídia é um bom exemplo. O aparelho é novo no Captur 2022 e conta com tela de 8”, porém deve sistema de espelhamento sem fio e não traz nenhum serviço conectado, algo que já encontramos em concorrentes do Renault até com valores mais acessíveis. 

O SUV passou a contar com alguns recursos mais sofisticados, como o monitoramento de pontos cegos, o sistema Multiview com quatro câmeras ao redor do carro e a partida remota por meio da chave presencial. 

Faltam, entretanto, itens como alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, assistente de estacionamento, entre outros oferecidos pelos rivais diretos do Renault. 

Posicionamento frente aos concorrentes 

Considerando o preço de R$ 138.490 cobrados pela Renault para o Captur Iconic 2022, podemos dizer que a novidade fica devendo um custo-benefício mais favorável. 

Seu 1.2 turbo pode não ser tão sofisticado em relação ao 1.3 TCe do Renault, mas o Chevrolet Tracker Premier topo de linha (R$ 131.430) oferta um conteúdo de tecnologia e conectividade superior em relação ao Captur Iconic custando bem menos. 

O Chevrolet pode ficar devendo no quesito porta-malas (393 litros), mas seu habitáculo é plenamente adequado para 5 pessoas. O Tracker Premier 1.2 ainda é mais econômico e seu nível de desempenho é equivalente ao do Captur 1.3 TCe, oferecendo comportamento dinâmico equivalente. 

Ainda entre os SUVs nacionais, se o foco da sua procura é por desempenho acima da média, hoje em dia temos no mercado pelos mesmos R$ 138 mil o VW T-Cross Highline com seu excelente 1.4 TSI sob o capô. 

Com uma dinâmica que é referência na categoria, o VW deve ligeiramente em potência (150 cv) e torque (25,5 kgfm) se comparado aos números do Captur 1.3 TCe, contudo, graças à plataforma mais sofisticada e o baixo peso, ele consegue ser ainda mais veloz do que o Renault, acelerando de 0 a 100 km/h, por exemplo, em 8,7 segundos. 

Conclusão 

Como foi possível notar, encontramos no segmento produtos com uma relação custo-benefício mais interessante em relação ao Captur Iconic, porém poucos se equiparam ao Renault quando o assunto é a combinação entre um bom porta-malas e uma cabine adequada ao uso familiar. E aqui reside o “pulo do gato” do modelo. 

Agora com o 1.3 TCe sob o capô, torna-se mais compreensível gastar quase R$ 140 mil no Renault se o que você precisa é de um SUV versátil para o transporte de bagagens, além de um estilo mais robusto e com boa altura em relação ao solo, traços peculiares do Captur. 

Portanto, se são essas as características que vão balizar sua escolha, vale a pena optar pelo Captur 2022. Caso contrário, por um valor semelhante ou até menor, outros SUVs compactos entregam um conteúdo mais completo.

Ficha técnica