Avaliação rápida: JAC e-JS4, um surpreendente elétrico chinês
Modelo traz ao Brasil a geração mais recente do powertrain elétrico da marca
Avançando em sua estratégia de reforçar a participação no segmento de veículos elétricos, os responsáveis pelas operações da JAC iniciam neste mês a comercialização do e-JS4 no Brasil, modelo que surpreendeu em nosso primeiro contato ao transparecer um projeto interessante aliado a um conjunto mecânico bem resolvido.
O e-JS4 é um dos produtos da JAC beneficiados pelo estreitamento da relação que a marca possui com a Volkswagen na China, a qual certamente vai colaborar para que a fabricante oriental ganhe cada vez mais expertise em seus modelos.
Ao rodar, o e-JS4 denota uma profunda evolução se comparado a outros elétricos da JAC. O AUTOO teve a oportunidade de dirigir brevemente o iEV60 há alguns meses e a evolução no acerto dinâmico, se comparado ao e-JS4, é gritante.
Outro ponto que nos chamou a atenção no SUV, em especial por se tratar de um veículo que não emite qualquer ruído ou vibração, foi o bom trabalho executado pela JAC para evitar barulhos na suspensão ou no acabamento, algo que seria amplamente percebido em um automóvel elétrico e afetaria o bem-estar a bordo.
Além de bem construído, o e-JS4 mostrou-se estável e equilibrado nas curvas, além de confortável na hora de encarar lombadas ou buracos no asfalto, momento no qual a maior altura em relação ao solo de um SUV faz diferença.
Torque de sobra
Como é uma característica peculiar dos carros elétricos, o excelente torque de 34,7 kgfm disponível a todo momento resulta em um estilo de condução envolvente ao SUV.
A cada solicitação do acelerador, o e-JS4 se projeta para frente com muita rapidez, pressionando o corpo do motorista e dos passageiros contra o encosto dos bancos.
A aceleração de 0 a 100 km/h em rápidos 7,5 segundos é um critério objetivo que transparece toda essa vitalidade do elétrico.
Os 150 cv de potência também conferem boa elasticidade ao JAC, impulsionando o SUV a velocidades mais elevadas com facilidade.
Mesmo com peso elevado (1.680 kg) por conta da bateria principal do sistema, o e-JS4 surpreende na hora de acelerar.
Por falar na bateria, o componente com 55 kWh confere ao JAC e-JS4 cerca de 420 km de autonomia, o que denota tratar-se de uma unidade com boa densidade de energia.
Como os chineses focam cada vez mais na eletrificação de sua frota — até para reduzir a dependência do petróleo importado ao país — é fato que a China dedica atenção especial ao aprimoramento das baterias para os carros elétricos e nada mais natural do que o e-JS4 se destacar nesse quesito.
Bom projeto
Outro ponto elogiável do JAC vai para a acomodação da bateria na estrutura do SUV.
O modelo preservou um bom espaço interno e, ao contrário do que ocorre em um Nissan Leaf, por exemplo, o assoalho traseiro não é extremamente elevado para acomodar a bateria.
Quem já ocupou o banco traseiro do Nissan nota que o conforto dos passageiros é comprometido pelo fato de os joelhos ficarem muito flexionados, bem acima da linha da cintura, o que está longe da posição ideal.
Em relação a outros modelos da JAC, o e-JS4 também agradou na parte interna por conta do bom estilo geral do habitáculo.
A escolha dos revestimentos e dos plásticos foi feita com cuidado. A presença dos controles para o ar-condicionado automático no formato touch-screen, por sua vez, cria a sensação de um ambiente mais moderno e arrojado.
Também merece nota 10 a qualidade da tela da central multimídia, com ótima resolução e imagens muito nítidas.
O aparelho também oferece suporte aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto e gerencia o sistema de câmeras 360º, que também é acionado automaticamente para ajudar nas mudanças de faixa.
Por conta do alto custo da bateria, que representa a metade do preço de um carro elétrico atual, o JAC e-JS4 é tão caro (R$ 249.900) tanto quanto seus rivais diretos.
Carro-chefe
A JAC vai oferecer no Brasil o e-JS1 (R$ 149.990) a partir de outubro, subcompacto que será o elétrico mais barato do Brasil, porém é fato que o e-JS4 entrega um compromisso bem melhor entre espaço, conforto e desempenho/autonomia para quem vai gastar seis dígitos em um automóvel.
Por essa razão, a própria JAC acredita que o SUV médio deverá ser o seu carro-chefe na gama de veículos de passeio, com volume gravitando nas 50 unidades comercializadas ao mês.
Se o preço ainda é uma barreira para que os elétricos ganhem espaço no mercado, é interessante pontuar que o custo de propriedade desses veículos é notavelmente inferior ao de um carro térmico de porte semelhante.
Segundo a JAC, as revisões do e-JS4 entre 10.000 km e 60.000 km, por exemplo, vão somar R$ 739,40, valor extremamente baixo.
Além disso, segundo estimativas da fabricante, recarregar o e-JS4 por completo representa um custo de apenas R$ 7,80 a cada 100 km rodados, tomando como base o consumo médio do SUV.
De acordo com a JAC, o custo por km de um automóvel elétrico chega a ser seis vezes menor do que um modelo equivalente com motor térmico.
De série, além do que já foi mencionado até aqui, o e-JS4 conta com revestimento interno de couro, teto solar panorâmico, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, entre outros.
Mercado
Olhando para outros carros elétricos de marcas generalistas comercializados no Brasil, o Chevrolet Bolt (R$ 270.170) oferece um conteúdo de tecnologia superior, porém demanda um cheque maior na hora da compra.
O representante norte-americano oferece recursos como o alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, sistema de permanência em faixa, farol alto adaptativo, entre outros.
O Chevrolet Bolt também supera o JAC e-JS4 nos quesitos bateria (66 kWh), potência (203 cv) e aceleração 0 a 100 km/h (7,3 segundos), sendo que seu peso é ligeiramente menor (1.641 kg).
Apesar da carroceria compacta do Chevrolet (4,16 m) se comparada ao e-JS4 (4,41 m), o Bolt destaca-se pelo excelente aproveitamento do espaço interno.
Recém-chegado ao mercado, o JAC e-JS4 surge como uma interessante alternativa entre os carros elétricos no Brasil, em especial pelo porte de um SUV médio convencional.
Ainda é necessário lidar com a questão do preço elevado, mas a novidade mostrou um bom leque de atributos positivos e merece um justo espaço na lista de intenções de compra para quem quer migrar, agora, para o futuro da propulsão automotiva.