Avaliação rápida: Fiat Argo Trekking 2020
Modelo entra na onda dos aventureiros, mas fica devendo o câmbio automático
Como já havíamos abordado aqui no Autoo, não era segredo para ninguém que a Fiat estava trabalhando em uma versão aventureira do Argo. Neste mês, finalmente, a marca apresentou o Argo Trekking e, com isso, o modelo também vai para a briga com Ford Ka FreeStyle, Chevrolet Onix Activ, Hyundai HB20X, entre outros, todas versões com uma boa parcela de representatividade no mix de vendas desses carros. No caso do Argo, a Fiat estima que a opção Trekking seja a resposável por cerca de 15% dos emplacamentos do hatch a partir de agora.
Se no caso dos concorrentes as versões aventureiras geralmente são posicionadas como os catálogos mais caros desses modelos, a Fiat optou por uma estratégia diferente até mesmo por uma razão importante: pelo menos por enquanto, enquanto a nova gama de motores e câmbios da FCA não estreia no Brasil, o Argo Trekking não terá opção automática. Com isso, o Argo Trekking vai figurar como uma versão intermediária derivada da Drive 1.3. Tabelada em R$ 58.990, a novidade não deixa de ter um custo-benefício interessante inclusive em relação aos rivais.
Por esse preço, o Argo Trekking sai de fábrica com recursos desejados pelo público, como a central multimídia com tela de 7” e suporte aos principais sistemas de espelhamento de smartphones do mercado, além de oferecer também o sensor de estacionamento, trio elétrico, ar-condicionado, direção com assistência elétrica, entre outros recursos. Os únicos opcionais do Argo Trekking ficam por conta da câmera de ré (R$ 700) e as rodas de liga leve com acabamento escurecido (R$ 1.590). Completo, o Argo Trekking custa então R$ 61.280.
Uma pena que a Fiat, assim como ocorre no Onix Activ e no HB20X, não equipou o Argo Trekking com os controles de tração e estabilidade (recursos presentes em outras versões do Fiat). Nesse ponto, o Ford Ka FreeStyle 1.5 manual de R$ 64.090 pode ser mais caro, porém já traz de série a importante dupla de segurança ativa, além de 6 airbags e todos os equipamentos de série e opcionais do Argo Trekking. Logo, se a sua ideia é ter um hatch aventureiro mais completo, o Ka FreeStyle nos parece uma pedida mais racional.
Voltando para o Argo Trekking, a receita off-road light caiu bem ao modelo e não é por acaso, uma vez que a Fiat tem uma ampla experiência com versões desse tipo desde os tempos da Palio Adventure.
Basicamente os grande atributos do Argo Trekking residem nos pneus de uso misto desenvolvidos em conjunto com a Pirelli, que ajudam o modelo a trafegar com mais segurança por pisos não pavimentados, e a altura em relação ao solo 4 cm maior em relação às demais versões. Com 21 cm de vão livre, o Argo Trekking conta com praticamente a mesma medida que notamos em modelos como o Nissan Kicks, por exemplo, um SUV compacto que conta com uma carroceria elevada em 20 cm em relação ao piso.
Claro que esses atributos não tornam o Argo Trekking um fora de estrada legítimo, mas ao menos você consegue trafegar por uma estrada de chão batido, além de passar por lombadas e acessos de garagem não muito bem planejados com uma desenvoltura bem maior. Esse, no fim, acaba sendo o grande atributo dessas versões.
O motor 1.3 da nova família Firefly casa muito bem com a proposta do Argo. Não que ele sobre em termos de desempenho, mas o Argo Trekking vai muito bem na estrada e na cidade, não apresentando qualquer sinal de letargia nas acelerações e retomadas. Ponto positivo vai para a eficiência, atributo que muita gente está bem mais de olho hoje em dia na hora de escolher seu próximo carro. Segundo dados da Fiat, a novidade entrega parciais de 12,1 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada quando abastecido com gasolina, números que podem ser considerados bons em especial considerando que os pneus de uso misto não colaboram muito a economia de combustível.
O Argo é um modelo reconhecido por seu bom comportamento dinâmico e, ao volante, a versão Trekking não comprometeu em nada esse atributo ao ganhar novos pneus e uma suspensão elevada. A Fiat explica que revisou o acerto de molas, amortecedores e a calibração da direção elétrica para compensar o caráter aventureiro da nova versão e, com isso, o Argo Trekking preserva respostas bem neutras. A direção tem a velocidade de respostas correta e a única ressalva vai para o câmbio manual, que poderia ter engates um pouco mais curtos, algo que vale para grande parte da linha Fiat com esse tipo de transmissão.
Soma-se às boas respostas dinâmicas o acabamento interno bem resolvido do Argo e temos um excelente modelo entre os hatches compactos. A seleção criteriosa de plásticos e o design de painel, console e laterais de porta agradam bastante no Argo, bem como a posição correta dos comandos. No caso do Argo Trekking, seus diferenciais ficam por conta dos bancos com costuras na cor laranja e o logotipo da versão bordado no encosto dos assentos dianteiros. O padrão do tecido escolhido para o revestimento é muito bom e merece destaque. Outros toques pertinentes à versão ficam por conta das saídas de ar cromadas e do revestimento interno do teto na cor preta. Sem exageros estéticos, a cabine do Argo Trekking agrada bastante. Com um projeto ainda recente, o Argo entrega o mesmo nível de espaço interno que encontramos em concorrentes modernos como é o caso de VW Polo e Toyota Yaris, assim como o porta-malas de 300 litros conta com o volume coerente com a categoria na qual o Argo Trekking atua.
Em resumo, o Argo Trekking é um modelo com uma ampla lista de pontos positivos. A grande questão é que falta a ele – em especial para ser mais competitivo mercadologicamente falando – a transmissão automática. A Fiat deverá resolver essa questão já no ano que vem, sendo que um futuro Argo Trekking automático também deverá reunir os importantes controles de tração e estabilidade, dupla que é uma ausência sentida na versão Trekking uma vez que a Fiat poderia ao menos oferecê-la como um opcional. Logo, se você não se importa com a ausência da transmissão automática tem no Fiat Argo Trekking e no Ford Ka FreeStyle as pedidas mais interessantes quando falamos de hatches compactos aventureiros. No caso do Argo Trekking pelo custo-benefício mais agressivo e o projeto moderno, com destaque para o bom motor 1.3. Já o Ka FreeStyle, por sua vez, também conta com uma mecânica bem eficiente, em especial graças ao propulsor 1.5 tricilíndrico, e se notabiliza pelo excelente pacote de segurança de série. Com câmbio automático, o preço do Ford salta para R$ 67.840.
Ficha técnica
Fiat Argo 2020 Trekking 1.3 8V flex manual 4p | |
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Preço | R$ 58.990 (10/2019) |
Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 65.943 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1332 cm?/td> |
Potência | 101 cv a 6000 rpm (gasolina) |
Torque | 13,7 kgfm a 3500 rpm |
Dimensões | Comprimento 3,998 m, largura 1,724 m, altura 1,568 m, entreeixos 2,521 m |
Peso em ordem de marcha | 1130 kg |
Tanque de combustível | 48 litros |
Porta-malas | 300 litros |